ENTREVISTA COM LUIZ SCHIAVON FUNDADOR E INTEGRANTE DA BANDA RPM – A MAIOR BANDA DE ROCK DOS ANOS 80.
O Entrevistado de hoje é Luiz Antônio Schiavon Pereira, mais conhecido como Luiz Schiavon, membro-fundador da maior banda de rock dos anos de 1980, nesta época a banda foi recordista absoluta na venda de discos, compositor, arranjador, produtor, etc., etc., etc., o cara é uma verdadeira enciclopédia da música.
De 2004 a 2010 foi diretor musical do programa “Domingão do Faustão” na Rede Globo.
Além disso, foi responsável pela trilha sonora de várias novelas da Rede Globo como “O Rei do Gado”, “Terra Nostra”, “Esperança”, “Mad Maria” e o remake “Cabocla”.
Vamos a Entrevista:
1 – HK – Luiz Schiavon onde você nasceu, e qual a sua idade?
R: Nasci em SP/SP em 1958. Estou com 60 anos
2 – HK – Luiz como foi e onde você passou a sua infância?
R: Minha infância foi típica de classe média baixa. Vivi em Pinheiros, na época em que ainda passavam bondes. Sem luxos, estudava em escola pública, mas havia uma molecada na rua e brincávamos muito!
Jogar bola na rua, pique-esconde, etc. Infância muito feliz.
3 – HK – Luiz e a sua formação, você terminou os estudos, ou em algum momento a Banda o atrapalhou?
R: A música nunca me atrapalhou. Sou arquiteto formado, especializado em engenharia de transportes, e trabalhei por muitos anos nisso.
Houve uma crise seria na engenharia por volta de 1982/1983 e fiquei desempregado. Como opção comecei a dar aulas de piano e tocar na noite. Foi assim que o RPM surgiu
4 – HK – De onde se originou a sua paixão pelos carros, principalmente os antigos?
R: Sempre gostei de carros. Viajávamos muito pra Três Pontas/MG e um tio tinha uma oficina mecânica. Passava as férias brincando nos carros, caminhões e tratores.
Ai a ferrugem se instalou no sangue!
5 – HK – Teve alguém da sua família ou conhecido que te inspirou ou que você se espelhou para iniciar a sua coleção?
R: Na verdade não. Havia essa coisa de usarem muito os carros e caminhonetes mais velhos no interior e acabei entrando nisso.
6 – HK – Como se dá o start para se começar uma coleção de carros reais e antigos, antes de alguém entrar nesta aventura o que ele precisa saber, para não se arrepender ou quebrar a cara?
R: Acho que o primeiro passo e’ comprar um modelo com o qual tenha empatia. Aquela coisa de lembrar da infância, um carro que um parente tinha, ou algum com o qual ia pra escola. Algo assim.
Em 2. lugar e’ não se precipitar e fazer uma compra errada. Pedir pra alguém com experiência olhar o carro, levar um mecânico, etc. E lembrar que carro era feito pra ter um desempenho compatível com a época.
Não dá pra pegar um carro 1950 e querer andar a 120 Km/h. Vai quebrar.
7 – HK – Luiz nos conte como você começou a sua coleção, quando e como ela teve início, e qual foi o primeiro modelo dela?
R: O primeiro foi um Pontiac GTO 1968 conversível. Por muitos anos foi o único antigo que tive pois não tinha espaço na garagem.
8 – HK – Qual foi o maior número de veículos que você teve em sua coleção, qual foi o mais difícil de se conseguir, e qual foi o modelo inesquecível, curiosidade você ainda o mantém em sua coleção?
R: Cheguei a ter uns 30 carros, umas 5 motos e até um caminhão de bombeiros, mas foi um erro. Vc fica o tempo todo fazendo manutenção e acaba aproveitando pouco.
Hoje tenho uns 8. O meu preferido e’ um Sunbeam Alpine 1962 conversível. Igual ao do Agente 86.
9 – HK – Você compra os seus veículos já prontos, ou em alguns casos você compra com alguns reparos e os reforma, como funciona esta questão para você?
R: Não tem muita regra. Por ex. comprei um Jeep Dodge Command 1942 e passei 5 anos restaurando. Mas prefiro comprar já prontos ou muito perto disso.
10 – HK – Você participa ou já participou de eventos de exposição e concurso de carros antigos no Brasil, se sim, nos diga quais, e em sua opinião qual é o mais tradicional e mais charmoso do Brasil?
R: Eu costumo ir a Lindoia, mas o evento de Araxá tbm e’ muito charmoso! No Sul o pessoal e’ muito ativo nisso e existem bons eventos. Não vou tanto por questão de tempo e distância.
11 – HK – Qual é o Santo Graal dos Carros Antigos, aquele que em sua opinião é o veículo de todos os tempos e por quê?
R: Difícil dizer. Existem veículos raros de todo tipo de origem. Meus preferidos são europeus dedada de 1910/1920, mas são caríssimos!!
12 – HK – Alguns colecionadores gostam de ter os seus veículos antigos em sua garagem, e no máximo dão uma ligadinha de vez em quando para não enferrujar ou emperrar, e outros colocam os carros na estrada mesmo, em quais destes dois tipos de colecionadores você se enquadra? E nos diga por quê?
R: Eu uso sempre que possível, em viagens e passeios. Maquinas são feitas para uso. Se largar na garagem vão deteriorar. Vira museu.
13 – HK – O que você acha do antigomobilismo brasileiro, comparado com os EUA e a Europa como estamos?
R: Estamos muito atrás. Até no Chile e Argentina encontramos veículos mais importantes. Mas isso tudo e’ cultural. Aos poucos vamos avançando
14 – HK – No Brasil temos várias oficinas de restauração de veículos antigos, e muitas garagens também, você deve conhecer muitas delas, quais as garagens que permitem visitas e os fãs podem visitar e fotografar os modelos expostos em cada uma delas?
R: Em geral os colecionadores particulares não permitem visitas. Mais fácil passear pelas lojas especializadas.
15 – HK – Qual foi o modelo de sua coleção que você teve o maior carinho, ou que depois de conseguir adquiri-lo você parou e pensou, me dei bem?
R: Os Sunbeams e a Dodge.
16 – HK – Onde os seus veículos estão guardados e como é a manutenção deles?
R: Ficam num galpão que construí pra isso. A manutenção e’ feita conforme as necessidades. As vezes um carro fica meses parado esperando peças.
17 – HK – Luiz qual é a história mais pitoresca e engraçada relacionada com os seus veículos antigos?
R: Uma vez minha mulher estava viajando e eu sai pra almoçar com alguns amigos. No meio da tarde o bar iria fechar e decidimos ir pra outro bem próximo.
Uma das amigas disse que nunca havia andado de conversível e ofereci uma carona. Algum(a) FDP me viu indo pro outro restaurante e ligou pra Marisa pra me dedurar! Ela ficou bem brava, mas depois acabou conversando com essa nossa amiga e deu muita risada. Mas até hoje não sei quem foi o X9
18 – HK – Luiz com tantos veículos antigos, uns melhores que os outros, você deve ter ouvido várias propostas relacionadas à venda deles, qual foi a mais indecente e qual foi a irrecusável, como acabou cada uma destas negociações?
R: Não tenho apego a bens materiais. Se a proposta e’ boa eu fecho.
19 – HK – Não sei se você ainda participa destes eventos de Antigomobilismo, mas nos dias de hoje ou quando você participada, como eram as escolhas dos Veículos que levaria para estes eventos?
R: Depende da data e previsão do tempo. Se for ensolarado levo um conversível. Se estiver frio um fechado. E se chover não levo nenhum!!!
20 – HK – Qual a dica que você daria para os nossos amigos colecionadores que estão pensando em iniciar uma coleção de Veículos Antigos?
R: Como disse. Procure um modelo que tenha significado emocional. E vá com calma, não se precipite na compra.
21 – HK – Geralmente quem coleciona veículos em tamanho reais, também coleciona miniaturas em várias escalas, você coleciona? Qual a escala? Qual a Marca? E Qual é o seu foco?
R: Colecionei muito modelos da Revell, 1:72, 1:24 ou 1:32, em geral. Navios, aviões da II Guerra, carros, etc. Não tenho muita fidelidade. Bato o olho e se gostar compro.
22 – HK – Me fale o que você anda fazendo nos dias de hoje, como anda a sua coleção, como vai a Banda RPM, estamos acompanhando que vocês voltaram com tudo, muitos shows, e ai nos atualize de como a vida anda e os seus planos para o futuro, tanto quanto aos carros, quando a vida profissional?
R: Nos carros estabilizei em n. Ainda faço uns rolos, mas poucas coisas. Se entra um, tem que sair outro.
O RPM está de volta `a estrada. Temos 6 canções novas compostas e gravadas e estamos em plena atividade. Novidades em RPM online em todas as redes sociais.
Gostaria de dizer que foi uma honra para o Site Hot Kengas poder reeditar esta entrevista com você, Luiz Schiavon, e poder contar um pouco de sua vida como colecionador de veículos antigos, porque pouca gente entre os seus fãs devem saber disso, e ainda poder saber um pouco de como vai a Banda RPM.
Os nossos leitores vão gostar muito desta entrevista, pode ter certeza…
O privilegio e’ meu!! Abraço pra todos!
UM POUCO DA HISTÓRIA DO INÍCIO DA BANDA RPM
Revoluções por Minuto (também conhecida somente por RPM) é uma banda de Rock Brasileira surgida em 1983, tendo sido uma das mais populares do país nos anos de 1984 a 1987. Foi uma das bandas mais bem sucedidas da história da música brasileira. Na segunda metade dos anos 80, conseguiram bater todos os recordes de vendagens da indústria fonográfica brasileira.
Tudo começou em 1980, em São Paulo, quando Paulo Ricardo namorava Eloá, que morava em frente à casa onde Luiz Schiavon ensaiava com May East. O casal resolveu um dia visitar os vizinhos, que estavam num ensaio crucial que decidiam entre cantar em inglês ou português. Paulo Ricardo deu seu voto, opinando pelas letras em português e assim conheceu Luiz Schiavon. Neste dia conversaram muito sobre música. Paulo estava começando sua carreira como crítico musical e Schiavon era um pianista clássico, que buscava um novo caminho, mais popular, mas sentiu dificuldade em encontrar alguém. Foi assim que Paulo recebeu o convite para integrar o “Aura”, uma banda de jazz-rock que ainda tinha Paulinho Valenza na bateria e o curitibano Edu Coelho na guitarra.
Depois de três anos de ensaios e nenhum show, Luiz encantou-se pela música eletrônica e pela tecnologia de novos sintetizadores, enquanto Paulo decidiu morar na Europa – primeiro na França e depois em Londres, de onde escrevia sobre novidades musicais para a revista Somtrês e se correspondia com frequência com Schiavon. Este choque de personalidades impulsionou a criação do RPM depois que o trabalho da dupla foi retomado em fins de 1983, já em São Paulo.
Juntos, criaram as primeiras canções. As primeiras foram Olhar 43, A Cruz e A Espada e a música que batizaria a banda que ali nascia: Revoluções por Minuto. Gravaram uma fita demo destas canções com uma bateria eletrônica e encaminharam à gravadora CBS, que considerou-as ambíguas e difíceis de tocar nas rádios.
O nome 45 RPM (45 rotações por minuto) foi sugerido inicialmente em uma lista de nomes feita por uma amiga. Schiavon e Paulo gostaram do nome, mas tiraram o 45 e mudaram o “Rotações” por “Revoluções”. Convidaram o guitarrista Fernando Deluqui (ex-guitarrista da cantora May East, ex-integrante da Gang 90 e as Absurdettes) e o baterista Junior Moreno, na época com apenas 15 anos. Logo a banda começou a se apresentar em casas noturnas e então Júnior teve de sair, por ainda ser menor de idade (aparentemente ele chegou a tocar em alguns shows, escondendo a idade, mas não daria para continuar assim por muito tempo). Quem se tornou o novo baterista foi Charles Gavin (ex-Ira!, futuro baterista dos Titãs) para completar o grupo. Já batizados de RPM, conseguiram um contrato com a gravadora Sony Music, com o compacto de 1984, que viria com as faixas Louras Geladas (a música virou um hit das danceterias e das paradas de sucesso das rádios) e Revoluções por Minuto (que foi censurada na época). Louras Geladas caiu no gosto do público de todo o país e levou a banda a gravar o seu álbum de estreia, já com o baterista Paulo P.A. Pagni (ex-Patife Band), que entrou para o RPM como convidado, no meio da gravação do LP, o que explica a sua ausência na capa do disco Revoluções Por Minuto. Charles Gavin havia saído do grupo para se integrar aos Titãs.
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