Todos somos colecionadores Hot Wheels, em algum momento de nossas vidas tivemos uma miniatura da marca, uns começaram a colecionar, outros não, e muitos colecionam e tem uma memória afetiva da marca até os dias de hoje, um dos símbolos da marca são os “Flames” ou “Chamas” que remetem e relacionam as suas miniaturas a velocidade, a partir de hoje, postarei frequentemente aqui neste ambiente, modelos reais que remetam ou inspirem modelos da Hot Wheels.

Em 18 de Maio de 1968 é lançada oficialmente a Marca Hot Wheels, portanto prestes a completar 52 anos de trajetória, Elliot Handler idealizador da marca, talvez nunca tivesse esperado que ela fosse tão longe, e graças ao seu espirito empreendedor e aos que se seguiram após o seu tempo, a marca Hot Wheels continua o seu legado até os dias de hoje…

No ano de 1966 quando surge a ideia de se lançar um brinquedo relacionado com o automobilismo e a velocidade, e que, portanto não poderia ser um brinquedo estático, teria que rodar, havia um problema, naquela época não existiam designers de miniaturas de carros, e qual foi a ideia do nosso primeiro personagem do 1º capítulo desta história, Elliot Handler, enviou um representante até a cidade de Detroit, MI, EUA que na época era a capital mundial do automóvel, para procurar e contratar um designer que aceitasse tocar o seu sonho, e colocar o projeto Hot Wheels de pé.

O emissário da Mattel foi Fred Adickes, ele é o segundo personagem da nossa história, e apesar de não ter um nome muito conhecido, pelo menos entre os leigos, ele teve uma participação muito importante na criação da Hot Wheels, ele era um designer de brinquedos da Mattel, mas que começou a sua carreira na General Motors e na Chrysler, e é reconhecido como Co-criador da Hot Wheels, e era uma pessoa da mais alta confiança de Elliot Handler.

No ano de 1966, Adickes parte com destino a cidade de Detroit, MI, EUA, e a sua missão era contratar um dos três melhores designers da época, para criarem e desenvolverem a primeira coleção da marca Hot Wheels que deveriam ser lançados em 1968, e uma missão que parecia fácil, ele não obteve muito sucesso no inicio, chegou a colocar anúncios nos jornais da cidade, até que ele conhece o nosso terceiro personagem, Harry Bentley Bradley.

Este é um capítulo a parte, antes de ser um designer tradicional da indústria automobilística, ele era um Customizador, o seu fascínio era modificar modelos tradicionais de linha de produção, e com esta visão, ele não facilitou muito para a montadora que ele viria trabalhar, que foi a General Motors, os designs dos seus conceitos estavam muito além dos modelos que eram produzidos naquele tempo, pois ele trouxe muito do seu senso criativo do chão de oficina.

Porque falar de Harry Bradley, são vários os motivos, na minha humilde opinião, o melhor e mais importante de todos, é que fundamentalmente ele nasceu Customizador, o seu senso criativo não respeitava padrões pré-estabelecidos, e como todas as lendas, ele estava muito além do seu tempo, e dizem que os gênios tem licença poética para criar, e esta licença foi lhe concedida pelo universo.

Sendo ele um Customizador na origem, antes de se tornar um Designer Automotivo, o seu trabalho na criação e desenvolvimento dos modelos da primeira coleção, ajudou a conceituar o que viria a ser a história de sucesso da Hot Wheels.

Então quando lerem ou falarem sobre a Cultura Custom ou Customização saibam que este nicho do automobilismo esta muito ligado ao que viria ser a primeira coleção de 16 modelos da Hot Wheels, os famosos Sweet Sixteen.

O Roteiro desta história é digno de um filme, e teve inicio em 1936 com o nascimento de Harry Bradley na cidade de Waban, Massachusetts, EUA. Ele começou a desenhar muito cedo, no verão de 1949, então com 14 anos, teve poliomielite e acabou sofrendo uma paralisia nos membros inferiores, ficando internado durante cerca de sete meses em um hospital infantil na cidade de Bolton. Durante este período usou o desenho como o seu principal passatempo, as enfermeiras o colocavam próximo à janela de seu quarto, e de lá podia ver os carros passando pela rua, e eles eram a sua principal inspiração para os seus desenhos.

Harry usou por um tempo uma cadeira de rodas mesmo depois de sair do hospital, e esse foi o primeiro veículo customizado por ele na vida, ele adicionou Espelho com refletores, Buzina, para se ter uma ideia, ele colocou uma cauda de raposa na traseira dela como decoração, com o tempo ele teve que superar o uso do aparelho para as pernas e se virar com as muletas.

Passando esta fase ele conclui o ensino fundamental, e se inicia na cultura automobilística do começo dos anos 1950.

Nos EUA a Cultura Custom foi e é muito importante, principalmente a partir dos anos de 1940, 1950, 1960 e meados dos anos de 1970, e desta época surgiram os conceitos que de uma forma ou de outra são seguidos e cultuados até os dias de hoje, e todos sabem que lá é considerado o berço da Customização Mundial. Destacando-se o estado da Califórnia, onde nasceram ou seguiram para que lá e fossem as suas bases as principais lendas da Customização Americana. Voltando ao Harry, ele tinha um encanto especial pelos Chevys do final da década de 1940 e 1950.

Voltando ao nosso personagem, Harry “The Legend” Bradley teve o seu primeiro click em sua relação com os carros, principalmente em torno de uma marca, através de um Chevy, que era o carro do namorado da sua irmã, pouco tempo depois os seus pais compraram um Chevrolet Bel Air Vermelho Cereja em 1954, carro que pertencia ao leiteiro, já sabendo do carácter inquieto do filho, os seus pais o fizeram prometer que ele não faria nenhuma modificação no carro da família, pouco tempo depois, os seus pais viajaram, e quando retornaram dessa viagem tiveram uma surpresa, Harry aprontou uma das suas e depois disso nunca mais parou.

Nesta época Harry Bradley tinha alguns mestres que o inspiravam, aliás, já naquela época, lendas vivas da customização americana, como Os Irmãos Barris, Joe Bailon, Harley Earl, Pininfarina e outros nomes da Customização e Personalização, o seu Chevy Customizado mais conhecido foi batizado com o nome de “La Jolla” um Chevrolet Bel Air 1951.

Harry Bradley entra para a Faculdade de Wooster, a pedido de seus pais, mas o seu real objetivo era a carreira de Design de Automóveis, nesta ocasião ele escreve uma carta para a General Motors perguntando sobre uma oportunidade de trabalhar com a marca, a resposta deles sugeriu o programa de Design Industrial do Instituto Pratt, e foi o que ele fez, durante o curso, ele iniciou a sua carreira de consultor de design custom e começou a contribuir regularmente para várias publicações automotivas da época, como a Rodding, Re-Stylling, Custom Illustrated e Rod & Custom.

Harry Bradley foi recrutado pela General Motors ainda cursando o último semestre no Instituto Pratt, mudando-se para Detroit em 1962, chegando lá percebeu que seus patrões não gostavam muito de suas incursões na Cultura Custom através de suas participações nas publicações sobre Designs Customs, ai uma curiosidade, para não deixar de lado uma das suas principais paixões, ele continuou fazendo as suas publicações nas revistas, criando um nome falso, então ele passou a assinar as matérias com o nome de “Mark Fadner”.

Acompanhem as imagens.

Continuamos amanhã…

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir