O Automobilismo em suas várias vertentes, desde a invenção do primeiro carro, até a primeira competição, quando alguém teve a ideia de testar os limites dos automóveis e o próprio limite e a coragem dos homens, ele sempre despertou o fascínio e a paixão para várias gerações.
Muitas competições foram criadas desde então, muitas delas se tornaram lendárias, por tudo o que aconteceu nestas disputas, os acontecimentos pitorescos, os resultados e tudo aquilo que fez parte de suas histórias e muitas até os dias de hoje.
Uma destas competições é o Campeonato Mundial de Endurance da FIA, sendo as 24 horas de Le Mans uma das mais tradicionais corridas automobilísticas do mundo, esta prova de resistência é considerada a maior prova do planeta, disputada anualmente desde 1923 no Circuito de La Sarthe, França.
Nesta prova em especial existem várias histórias e lendas, uma delas e que acabou virando filme, é a história da disputa entre a Ford e a Ferrari.
Mas nesta matéria vamos tratar de uma outra história, tão importante quanto e o nosso personagem principal é André Moynet.
Moynet foi um piloto de caça francês muito condecorado com mais de 115 missões e 150 horas de voo em tempo de guerra, se ofereceu para o serviço militar em dezembro de 1939 no início da Segunda Grande Guerra Mundial.
Se envolveu com a politica em seu país, mas nunca esqueceu a sua maior paixão que era a aviação, continuou a sua carreira como piloto de testes, e ajudou no desenvolvimento do Caravelle da Sud Aviation, um avião que revolucionária a indústria aeronáutica mundial, sendo considerado o primeiro avião de passageiros a jato com turbinas na fuselagem.
Ele também trabalhou na Matra, e uma das aeronaves desta empresa foi batizada em sua homenagem, o MOYNET M.360 JÚPITER e aqui começa a nossa história, Moynet foi fundamental para entrada da MATRA no ramo automobilístico e a partir dai no ano de 1968 é concebido o primeiro prototipo esportivo que foi desenvolvido para alcançar uma vitória na classe (1600-2000 cc) nas 24 HORAS DE LE MANS no ano de 1975.
Em 1968, Moynet tentou a sorte em Le Mans, mas não foi muito bem, em 1975, ele voltou com protótipos melhores e atualizados, formou um trio feminino de pilotos e fez história.
Formou uma equipe lendária de pilotos mulheres composta por Michele Mouton, Marianne Hoepfner e Cristiane Dacremont com o seu Moynet LM75, em uma coincidência daquelas, as Nações Unidas proclamaram 1975 como o ANO INTERNACIONAL DA MULHER, foi quando o improvável aconteceu, um prototipo totalmente desconhecido pintado nas cores Azul com o bico laranja surge no grid com uma equipe totalmente feminina, destacando Michele Mouton que anos depois se tornou a piloto de Rali mais bem sucedida de todos os tempos.
Talvez pilotos como Jacky Ickx e Derek Bell lendas de Le Mans e outros pilotos veteranos nem sonhassem com o que estava prestes a acontecer.
Este Prototipo de Corridas Azul com a frente Laranja e que tinha estampado o número 35 em todos os lados do bólido e que contava com uma performance espetacular, foi construído por André Moynet, um personagem inquieto, que ao longo da sua vida, viveu todo tipo de aventura e momentos muito particulares, chegando a se tornar um herói de guerra, condecorado pela França, nunca parou, trabalhou com aviões, barcos até chegar aos carros de corrida.
Moynet chega em 1968 para competir na famosas 24 Horas Le Mans, com carros desenvolvidos por ele mesmo, mas nesta primeira tentativa conseguiu apenas a condição de reserva e não chegou a figurar entre os carros que fizeram parte do Grid de Largada.
Em 1970, lá estava ele de novo, mais uma vez não conseguiu se classificar, mas eis que chega o ano de 1975, desta vez ele tinha feito um trato com a vitória, não ia deixar passar mais esta oportunidade, a sua determinação neste objetivo contagiou alguns empresários, o mais importante deles foi o Presidente da ESSO SAF, Moynet através de seu entusiasmo esportivo construiu um ambiente tão favorável que seria impossível que não desse certo, o carro de corrida contava com um motor de 2 litros e quatro cilindros da Chrysler Simca de 190 cv a 7.000 rpm. A Simca não estava oficialmente envolvida e a empresa permitiu que Moynet removesse o seu logotipo do bloco de cilindros pouco antes da corrida, talvez se a Chrysler Simca soubesse o que estava prestes a acontecer, teria deixado o logo lá e ainda seria um dos patrocinadores do aventureiro em sua missão.
A caixa de 5 marchas era da Porsche, mas o que mais chamava a atenção era a aerodinâmica do carro, Moynet lançava o seu MOYNET LM75 para o sucesso.
As Pilotos foram inscritas no Grupo 5, na Classe de 2 Litros, em competição direta com a dupla feminina Marie-Claude Beaumont e Leila Lombard em um ALPINE A441 da ELF – SUÍÇA.
Nesta história não tem nada fácil, o carro de Moynet começou a apresentar problemas técnicos, o conta rotações estava apresentando falhas, os mecânicos não tinham um cabo sobressalente, ai as Pilotos tiveram que analisar tudo de ouvido, isso mesmo de ouvido, correr, ultrapassar, disputar curvas com os concorrentes, dirigindo no limite, hora após hora e no meio de toda esta pressão ainda entender o comportamento do carro e do motor apenas pela sensibilidade e os ouvidos.
Existe uma história que a certa hora da prova, o próprio Moynet entregou os pontos, procurou um bar para encher a cara já prevendo o novo fracasso, depois de um tempo chega correndo um membro da equipe nervosíssimo e muito empolgado para busca-lo no bar, o seu carro, o Moynet LM75 havia assumido a liderança da sua classe, na frente do LOLA T292, e assim nasceu a lenda, contrariando todas as expectativas o carro pilotados pelas 3 heroínas Michele, Marianne e Cristiane vence a Classe 2 Litros das 24 Horas de Le Mans e assim definitivamente o MOYNET LM75 DE ANDRÉ MOYNET entra para a história do automobilismo mundial.
Após o triunfo, inacreditavelmente veio o esquecimento, por 35 anos o modelo MOYNET LM75 ficou em um depósito, quando foi redescoberto, ele seria preparado novamente para corridas. O Modelo foi enviado para o Atelier 46 em Paris, França, onde seria colocado a venda.
Acompanhem as imagens…