ENTREVISTA COM O DESENHISTA JOHN MITCHELL
A Nossa entrevista de hoje será com John Mitchell, um dos grandes desenhistas da Cultura Custom Americana da atualidade, criou uma nova arte para a nova camiseta do Hot Kengas e foi uma honra para nós, e aqui vai dividir um pouco da sua vida e experiência dentro do segmento Custom com os leitores do Site Hot Kengas…
Vamos à entrevista:
1 – HK – Primeiro queremos saber da sua origem, onde você nasceu, onde você cresceu e se ainda mora no mesmo lugar???
R – JM – Minha cidade natal, onde cresci, é Bakersfield, Califórnia. Minha esposa, eu e nossos dois filhos voltamos para Oklahoma em 1994 e até hoje é onde eu moro.
2 – HK – Como era formada a sua família, o que o seu pai e sua mãe faziam, quantos irmãos você tinha?
R – JM – Meu pai era motorista de caminhão, minha mãe ficava em casa, porque éramos cinco garotos e isso era muita coisa para ela.
3 – HK – Falando da escola, onde estudou, e até onde seguiu, chegou a se formar?
R – JM – Na verdade, eu não estudava em nenhuma escola, e nunca me formei no ensino médio. Saí do último ano do ensino médio porque tinha que conseguir um emprego. Você vê que quando eu tinha 16 anos, minha mãe e meu pai se separaram e eu era o único garoto capaz de acompanhá-la, então eu precisava arrumar um emprego para ajudar a pagar as contas.
4 – HK – Quando era criança você já pensava em desenhar e pintar, ou descobriu está vocação mais tarde?
R – JM – Eu desenhei muito quando criança, principalmente monstrinhos de desenho animado, e sim, mais tarde, eu me envolvi ainda mais e liguei meus personagens à cena do hot rod.
5 – HK – Você exerceu outra profissão antes de fazer o que o você faz nos dias de hoje?
R – JM – Sim, eu trabalhei na construção civil, principalmente de drywall. E nesta época costumava desenhar meus monstrinhos de desenho animado por dentro das paredes, quando colocávamos o drywall, ele funcionava como pequenas cápsulas do tempo, esperando para serem descobertas mais tarde por alguém.
6 – HK – Quando você começou a desenhar? E nesta fase como eram os seus desenhos? Você pode nos apresentar o seu primeiro desenho?
R – JM – Na verdade, eu estou dando continuidade em minha vida, mas realmente não levei isso a sério até cerca de 12 anos atrás. Eu podia ver como meus personagens estavam desenvolvendo o seu estilo próprio, então eu o persegui esse estilo. Eu não tenho nenhum material anterior para mostrar, porque nos mudamos várias vezes, e muitas coisas foram perdidas ou deixadas para trás ou entregues a pessoas que as queriam.
7 – HK – Quem foi que incentivou ou foi a sua inspiração para iniciar a sua carreira de desenhista?
R – JM – Eu cresci no início dos anos 60, quando Roth era grande e interagia muito com as crianças, acho que você poderia dizer que ele era minha inspiração. Além disso, minha mãe costumava seguir seus sonhos e isso também me inspirou.
8 – HK – Você também faz Lettering e Pinstripe?
R – JM – Não, na verdade eu não faço riscas ou letras, às vezes uso um esmalte para talvez pintar um skate, mas fora isso, eu nunca o pratiquei o suficiente, mas gostaria de um dia.
9 – HK – Nos dias de hoje você sobrevive somente com os desenhos, ou você tem outra atividade profissional?
R – JM – Eu me afastei do meu trabalho real há uns 9 ou 10 anos e não olhei mais para trás, embora tenha ganhado mais dinheiro na construção, é isso que me faz feliz agora. Eu sempre disse que se você não está feliz com o que você faz, encontre algo que te faça feliz.
10 – HK – Porque você escolheu este tipo de desenhos Grotescos e como funciona o seu processo criativo?
R – JM – Eu escolhi esse meio porque eu sempre amei o jeito que uma Sharpie flui. Normalmente, uso marcadores de água com lápis de cera, com lápis e lápis de cor para obter minha técnica.
11 – HK – Você faz parte da turma que desenha o “Rat Fink”? Você acha que os seus desenhos pertencem ao mesmo segmento? Ele é uma inspiração para você?
R – JM – Eu não fazia parte dessa classe, Agora sou um artista certificado pelo Rat Fink. Eu conheci Mike Mazooma na reunião do Hot Rod em Bakersfield, Califórnia, alguns anos atrás, e ele me convidou para a reunião do Rat Fink em Manti, Utah, e foi aí que eu adquiri minha certificação de artista Rat Fink através da Ilene, Viúva de Ed Roth.
12 – HK – Você conheceu o Ed “Big Daddy” Roth? Dentro do segmento que você atua em matéria de desenho, como você define o Ed Roth?
R – JM – Eu nunca tive a chance de conhecer Ed Roth e me “Chuto na Bunda” porque houve algumas vezes em que ele estava por perto em Shows Car ou Provas de Arrancadas. Para mim, ele é como um padrinho, porque eu conheci tantos artistas famosos que trabalharam com ele e ele ensinou o caminho. Se eu pudesse descrevê-lo, seria como se ele fosse às raízes e o tronco da árvore e todos esses artistas fossem os galhos e folhas.
13 – HK – Você provavelmente deve participar de vários eventos ligados ao automobilismo, e este ano você esteve no SEMA SHOW, conte-nos quais são os eventos que você participa anualmente nos EUA e como foi e o que significa participar de uma edição do SEMA SHOW?
R – JM – Vamos a alguns Shows Car. Fomos à rodada em Austin, Texas, fomos a Bakersfield para a reunião do Hot Rod na passarela Famosa, estive em Kansas City para fazer um ótimo show chamado Greasarama, e depois há um show local muito próximo chamado Stray KaT 500 em Dewey. Na verdade, eu fui à Alemanha há cerca de três anos para o Show Kustom Kulture Forever, foi uma explosão !!! Então, é claro, também vamos à reunião do Rat Fink em Manti Utah, onde os artistas de Rat Fink são “tão grosso que você nem consegue mexê-los com um pau!”. Mas existem muitos outros eventos locais menores que participamos, mas ultimamente tenho tido tanto trabalho para fazer, que estou ficando mais em casa mais do que qualquer coisa.
O Show Sema foi apenas por cima!!! Eu me diverti muito conhecendo muitas pessoas novas e vendo muitos velhos amigos e acho que eles vão me convidar para voltar no próximo ano…
Fique com os dedos cruzados…
14 – HK – Quem são os artistas americanos que nos dias de hoje fazem trabalhos parecidos com os seus? Vocês conseguem dividir experiências? Existe amizade entre os desenhistas quando trabalham no mesmo segmento e às vezes o desenho é a principal atividade profissional?
R – JM – Existem muitos outros artistas que fazem o que eu faço, e geralmente nos reunimos em Shows Car e nos divertimos muito. Não há egos, somos todos grandes amigos que adoramos trabalhar em vários projetos juntos e também ensinar os mais jovens que estão surgindo o máximo que podemos.
15 – HK – Existem jovens interessados na sua arte? Você já deu algum curso ou Workshop sobre os seus desenhos?
R – JM – Eu tenho muitos jovens seguidores, por isso tento manter minhas obras de arte atualizadas, estou sempre desenhando algo novo e sim, eu organizo uma mesa extra em Shows Car que eu participo, e nesta mesa, eu faço para as crianças se expressarem. Eu sempre terei uma barraca extra montada para eles e também trago folhas para colorir com alguns dos meus monstros e hot rod impressos, mas eles escolhem as cores e isso sempre traz um sorriso no rosto deles, E no meu também…
16 – HK – Outra curiosidade, nos seus desenhos, tem alguns personagens que se repetem, alguns deles você batizou com um nome próprio?
R – JM – Eu realmente não nomeio todos eles, porque existem muitos e realmente os únicos personagens que eu costumo repetir que têm nomes são o Nitrobilly e a turma do RIP na revista de desenhos animados.
17 – HK – E como todos eles tem movimento, você já pensou ou alguém já te fez uma proposta para criar uma HQ com histórias destes personagens monstruosos com Humor ácido?
R – JM – The NitroBilly e The RIP Gang são na verdade tiras de quadrinhos na revista de desenhos animados.
18 – HK – Você esta inserido na Cultura Custom Americana por causa da sua arte, como você se sente nesta posição?
R – JM – É difícil responder, porque eu amo tudo. Quando eu era criança, nos anos 60, não havia Cultura Custom e não havia nostalgia, era o que era na época e nós apenas a vivíamos o momento. Eu gostaria que alguns da geração mais jovem pudessem voltar no tempo naquela época e descobrir como realmente era aquele momento. Mas acho que meu trabalho artístico, quando comecei, me envolveu com esse movimento Cultural Custom e conheci muitas pessoas ótimas e visitei muitos lugares legais.
19 – HK – Falando na Cultura Custom Americana, qual é a sua opinião sobre ela nos dias atuais? Quem são os caras que estão carregando a bandeira e trabalhando para o crescimento da Cultura Custom nos EUA nos seus vários segmentos, consegue falar os seus nomes?
R – JM – Existem tantos que é difícil nomear todos eles, mas vou citar alguns, como Max Grandy, BoMonster, Franco, Wiesner, Shawn Dickson …
20 – HK – Quem é a maior Lenda ou o cara mais importante em sua opinião dentro da Cultura Custom e Por quê?
R – JM – Há muitos artistas excelentes e a maioria das pessoas dizem que são o Mouse Stanley ou Ed Roth ou mesmo o Newton e eles são alguns dos melhores artistas que existem ou existiram. Mas o cara que realmente me inspirou porque usa os mesmos meios que eu, foi Kenny Youngblood. Eu o conheci cerca de 10 anos atrás em um Daryl Starbirds Show Car em Tulsa, Oklahoma. Notei que ele estava usando marcadores de água e lápis de cera tipo Crayola. Foi isso que me atraiu rapidamente, e nos demos bem. Ele me mostrou tantas maneiras de usar esses meios que aprendi muito naquele fim de semana que nos conhecemos.
21 – HK – O Site Hot Kengas é brasileiro, o que você conhece do Brasil? Você sabia que nós temos alguns eventos que são organizados aqui dentro da Cultura Custom? Você conhece alguns destes eventos? Conhece alguns dos nossos artistas brasileiros que trabalham tanto com desenho quanto com pinstripe?
R – JM – Não conheço nenhum artista do seu pais pessoalmente, eu vejo alguns dos trabalhos no Instagram e no Facebook. Não conheço os Shows Car ou realmente qualquer coisa sobre o Brasil.
22 – HK – No último mês de Outubro de 2019, o seu amigo Mike “Mazooma” Babel visitou o Brasil, e conheceu muitos artistas brasileiros em uma recepção na casa do nosso amigo Carlos Magno de Lima Antunes, ele voltou para os EUA com uma impressão muito boa do Brasil, Você tem vontade de conhecer o Brasil? Alguém já te convidou para participar de algum evento aqui no Brasil? Você aceitaria se fosse convidado?
R – JM – Sim, eu conversei com o Mike Mazooma, e ele me disse que passou um tempo maravilhoso no Brasil. E encontrou tanto talento no Brasil que eu só acreditaria se visse com meus próprios olhos, Eu adoraria viajar para o Brasil e não, nunca fui convidado. Então, sim, se fosse convidado, definitivamente ficaria interessado.
23 – HK – Aqui no Brasil temos muita gente que trabalha e vive da Cultura Custom, que vivem o Life Style da Cultura, e muita gente que gosta do trabalho que você e muitos artistas americanos fazem, qual a mensagem que você poderia deixar aqui para os nossos leitores e para toda a Cultura Custom Brasileira?
R – JM – A mensagem que eu deixaria tanto para os jovens quanto para os mais velhos, seria amar o que você faz, e o que você ama! Somos muito abençoados por podermos fazer o que fazemos e acho que é nossa obrigação repassar esta arte a outros jovens e pessoas mais velhas.
“O que eu realmente faço no meu mundo como artista é criar personagens monstruosos dirigindo Hot Rods exagerados, e todos eles são criações da minha cabeça. Eu desenho artes para Camisetas, Arte para Adesivos, Arte para Posters, e aceito encomendas de desenhos. Vou à cerca de uma dúzia de shows por ano, e nesses eventos vendo minhas artes para impressões diversas, adesivos para colorir e obras de arte originais.
Minha verdadeira escolha em materiais de trabalho são lápis e marcadores coloridos que eu uso nos Shows. E também nos shows, tento envolver as crianças, por isso trago uma mesa e uma barraca extra. Além disso, tenho meus desenhos impressos em folhas para colorir para as crianças colorirem. Não sou um bom orador no que diz respeito a minha linha de trabalho, deixo minha arte falar por si só”
John Mitchell
Acompanhem agora algumas imagens dos trabalhos do entrevistado…
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